26 janeiro 2014

Resenha: Os Filhos de Húrin

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- Agora fica aí sentado – disse Morgoth – e contempla as terras  onde o mal e o desespero hão de acometer os que me entregaste. Pois ousaste escarnecer-me e puseste em dúvida o poder de Melkor, Mestre dos destinos de Arda. Portanto, com meus olhos hás de ver, e com meus ouvidos hás de ouvir, e nada há de te ficar oculto. (Página 69,70)

Na Batalha das Lágrimas Sem Conta, o destino da casa de Hador foi traçado. Após ser capturado e levado à Angband, Húrin desperta a ira de Morgoth por ter a ousadia de desafiá-lo. Ali então, lança uma maldição sobre a Casa de Húrin, em Dor-lómin. Húrin é forçado a ver sua terra, seu povo e sua casa serem ocupadas. Morwen, mulher de Húrin, estava grávida de Nienor e é forçada a fazer com que seu filho Túrin, herdeiro da Casa de Hador, dê início a uma vida de fugitivo ainda criança.

Passando por casas e vivendo como desertor na floresta, Túrin aderiu a vários nomes para encobrir seu verdadeiro nome e com o tempo se tornou um grande guerreiro. Mas por onde passava, era latente a negritude de seu destino. Quanto a sua mãe e irmã, passou muito tempo sem vê-las… até que os caminhos de Nienor e Túrin se entrelaçam de uma maneira inesperada e desconcertante ao mesmo tempo em que tem que enfrentar o maior desafio de sua vida. Precisará enfrentar o ódio de Morgoth, que manda um espírito das trevas em forma de dragão de fogo, chamado Glaurung, para destruir os Filhos de Húrin. Será que as trevas vencerão?

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Fiquei horas tentando pegar a essência da história para fazer um breve resumo para construção da resenha. Mas não dá para fazer jus da história através dela. Após terminar a leitura fiquei me perguntando o motivo de não ter lido nenhuma obra do autor. Tolkien é genial! Fiquei imaginando como ele poderia ter construído essa realidade paralela tão complexa, cheia de personagens ricos em sua construção psicológica e tudo o mais. Tolkien me fez realmente acreditar em elfos, orcs, dragões, como se fossem coisas realmente palpáveis, reais. Os Filhos de Húrin é uma estória completa, marcada principalmente por sua dramaticidade.
O foco maior da estória é em Túrin. Um personagem que definitivamente abalou minhas estruturas psicológicas. Oscilante entre a qualificação de cavaleiro das trevas ou herói, a vida de Túrin foi uma vida muito difícil. Acompanhar isso, desde sua infância até sua vida adulta, o desenvolvimento emocional e físico do personagem, faz com que até o final da estória você adquira uma conexão forte com ele. Acompanhamos também o sofrimento dos povos dominados, atingidos também pela ira de Morgoth. Intrigas, amargura, dor, amor, completam o cenário do enredo, fazendo com que a estória realmente mexa com você, faça com que você sinta e tome as dores dos personagens. Ao terminar a leitura, fiquei desestabilizada, sem chão tentando assimilar tudo o que tinha lido. Realmente incrível.
 
- Então viste Húrin, filho de Galdor, o guerreiro de Dor-lómin? – perguntou Túrin.
- Não o vi – respondeu Gwindor. – Mas em Angband corre o rumor que ele ainda desafia Morgoth; e Morgoth impôs uma maldição sobre ele e toda a sua família.
- Nisso eu acredito – disse Túrin. (Página 171)
 

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Como disse, a estória é bem complexa, cheia de detalhes e a resumir sem que haja prejuízo na real imagem que você quer passar do livro é uma tarefa um tanto complicada. Portanto, a leitura é o melhor caminho, e um caminho muito prazeroso. Porque a estória não deixa absolutamente nada a desejar, senão a vontade de que ela nunca termine.
Os Filhos de Húrin é um dos contos de Tolkien sobre uma época anterior ao Senhor dos Anéis, que pode ser lido sem um prévio conhecimento da tão famosa obra. Não tive a oportunidade de ler O Senhor dos Anéis, mas a leitura independente de Os Fillhos de Húrin é compreensível. Talvez se já tivesse lido O Senhor dos Anéis, estaria mais familiarizada com a geografia da Terra-Média, a genealogia de certas famílias e também alguns costumes, por isso a leitura me demandou mais atenção. Mas isso é apenas um detalhe, pois essa edição traz um apêndice, uma genealogia básica e um guia de nomes que te auxiliam a não se perder. Destaque também para as ilustrações de Alan Lee que nos deram a visão de certos trechos do livro, tornando-o mais rico ainda, sem contar que são maravilhosas.
Fiquei muito feliz por começar esse ano conseguindo ler uma obra tão boa, de um autor tão ilustre quando Tolkien. Feliz por ter conhecido personagens tão marcantes.  Leitura recomendadissíma!


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Título: Os Filhos de Húrin.
Título Original: The Children of Húrin.
Autor: J.R.R. Tolkien.
Editora: Martins Fontes.
Ano: 2009.
Número de páginas: 335.
Avaliação: 5/5 <3



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